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O Doping das Crianças


Este artigo é da autora Eliane Brum, e traz a reflexão de como o aumento do consumo da “droga da obediência”, usada para o tratamento do chamado Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, revela sobre a medicalização da educação.

"Um estudo divulgado na semana passada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deveria ter disparado um alarme dentro das casas e das escolas – e aberto um grande debate no país. A pesquisa mostra que, entre 2009 e 2011, o consumo do metilfenidato, medicamento comercializado no Brasil com os nomes Ritalina e Concerta, aumentou 75% entre crianças e adolescentes na faixa dos 6 aos 16 anos. A droga é usada para combater uma patologia controversa chamada de TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. A pesquisa detectou ainda uma variação perturbadora no consumo do remédio: aumenta no segundo semestre do ano e diminui no período das férias escolares. Isso significa que há uma relação direta entre a escola e o uso de uma droga tarja preta, com atuação sobre o sistema nervoso central e criação de dependência física e psíquica. Uma observação: o metilfenidato é conhecido como “a droga da obediência”.  "

Para ter acesso ao artigo na íntegra, acesse o link http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/02/o-doping-das-criancas.html.

Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua  -  (Foto: Lilo Clareto/Divulgação)Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O avesso da lenda(Artes e Ofícios), A vida que ninguém vê (Arquipélago, Prêmio Jabuti 2007) e O olho da rua - uma repórter em busca da literatura da vida real (Globo).
elianebrum@uol.com.br
Twitter: @brumelianebrum  
(Foto: Lilo Clareto/ Divulgação)


Com início em maio de 2012, o convênio entre as secretarias estaduais de educação e de segurança estabeleceu a presença de policiais militares dentro do ambiente escolar, com a justificativa de “proteger” os alunos e funcionários e coibir o consumo de drogas, assim como um possível aliciamento para o tráfico, que aconteceria no entorno das escolas.
Como sempre, os afetados por tais decisões, não tiveram direito à opinar, manifestar-se ou muito menos se rebelar contra a atitude. Até por que, uma vez instituída a força repressora, como poderíamos lutar contra ela?
Alunos se viam constrangidos, reprimidos e coagidos. Até que ponto o mesmo indivíduo que te ameaça é aquele que te protege?
Como tratar da educação, em meio à um ambiente que te impõe a violência? Será mesmo necessário tratar a educação sob armas de fogo?
É inaceitável que situações onde seriam resolvidas à base da conversa se tornem casos de polícia. Sejam discussões, brigas e até mesmo um namoro.
A presença de policiais militares no interior das escolas, é a maior forma explícita de repressão aos estudantes. Quando na verdade a proteção que precisamos é nos nossos direitos educacionais e não a “proteção” de uma força de segurança prepotente.
ACORDE!

Por Isabele Moura, ex-aluna do Colégio Estadual Antônio Prado Junior

István Mészáros


Nesta perspectiva, fica bastante claro que a educação 
formal não é a força ideologicamente primária que 
consolida o sistema do capital; tampouco ela é capaz 
de, por si só, fornecer uma alternativa emancipadora 
radical.

Uma das funções principais da educação formal 
nas nossas sociedades é produzir tanta conformidade 
ou “consenso” quanto for capaz, a partir de dentro e 
por meio dos seus próprios limites institucionalizados 
e legalmente sancionados.

Esperar da sociedade 
mercantilizada uma sansão ativa – ou mesmo mera 
tolerância – de um mandato que estimule as instituições 
de educação formal a abraçar plenamente a grande tarefa 
histórica de nosso tempo, ou seja, a tarefa de romper a 
lógica do capital no interesse da sobrevivência humana, 
seria um milagre monumental.

É por isso que, também 
no âmbito educacional, as soluções “não podem ser 
formais; elas devem ser essenciais”. Em outras palavras, 
elas devem abarcar a totalidade das práticas educacionais 
da sociedade estabelecida. (Mészáros, 2002: 45)


Foto: Celso Júnior/AE


Escolas empobrecidas: sem História nem Geografia

Artigo da Revista Carta Capital traz debate sobre a questão: Para que a escola existe? Só para preparar os estudantes para avaliações como o Enem ou a Prova Brasil?

Acessem artigo completo no link abaixo

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/escolas-empobrecidas-sem-historia-nem-geografia/

Educação não acontece só nas escolas !!!


                                                                                                                    Por Guiomar de Grammon
  
   A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.

  Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

   Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

   Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

   Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

   Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

   Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

   O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

   É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

   Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

   Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

Por Guiomar de Grammon